Mortes e violência, esse é o lema do Bar do Viola na periferia de São Paulo

Bar macabro é famoso na zona sul de São Paulo por ser um reduto de brigas.

Brigas, mortes, safanões e pancadaria. Essa é a rotina do Bar do Viola, no Jardim Ângela. Parece coisa de filme, mas não é. O Bar do Viola, situado numa das regiões mais pobres de São Paulo, tem uma fama funesta de ser um reduto de violência. Os vizinhos já se acostumaram com as brigas quase diárias e a polícia já não se importa. O botequim virou uma terra sem lei.

O pequeno estabelecimento comercial além de abrigar criminosos e trombadinhas de diversas estirpes, ainda atrai muitos curiosos e freqüentadores fiéis, animados com a violência rotineira.

Morte rotineira no Bar do Viola

Morte rotineira no Bar do Viola

O balconista Maikol Souza, freqüentador do bar, conta que sempre aparece no bar para tomar uma cerveja depois do expediente e assistir algumas brigas “Eu sempre venho com o pessoal da firma aqui pra tomar umas cangibrina e assistir umas porradas. Mas a gente gosta mesmo é quando dá morte.” conta.

Seu Viola, dono do bar, conta que já cansou de baixar as portas e somente se incomoda em limpar as poças de sangue, tarefa quase diária “Todo dia tem briga, bate-boca e o pessoal sai no braço mesmo. Eu não me incomodo mais, pelo contrário, isso aumentou muito a clientela. É meu ganha pão, não posso ficar sem abrir o bar por causa de um ou outro que morre. Senão ficava fechado todo dia.”

O dono do estabelecimento antes cansado com a violência, diz que resolveu investir nela. “Antes eu permitia que entrassem com revólver, mas agora eu proibi qualquer tipo de armamento. Aqui no bar quem quiser brigar tem que ser na mão ou alugar alguma arma daqui.”

O bar já conta com diversos tipos de armas para aluguel como: facas, punhais, facões, porretes, tacos de baseball, estiletes, nunchakus e mais algumas outras armas brancas.
Seu Viola avisa que proibiu arma de fogo porque as brigas acabavam muito rápido com elas. “O pessoal aqui quer ver sangue, mas com um pouco de pancadaria antes. Com revólver o pessoal já atirava e acabava. Isso afastava a freguesia.”

Quando a noite acaba sem mortes, as vendas caem e os clientes reclamam. O garçom Reginal lamenta noites assim “Quando não tem morte o pessoal se recusa a pagar os 10%. Eles acham que a culpa é nossa. Por isso eu sempre estimulo as brigas, conto uma fofoca aqui e outra ali para atiçar os ânimos e não ficar sem a minha grana” ri.

A sinuca é o esporte preferido dos freqüentadores do bar e é geralmente durante os jogos, que a maioria das discussões tem início. “O pessoal joga valendo torresmo e rollmops. Depois de umas e outras pingas já começa a discussão e o pessoal bota lenha na fogueira, porque a negada quer ver é briga.” Conta um cliente que não quis se identificar.

Outro cliente que não quis se identificar, disse que apostou a vida num jogo de sinuca. “Eu tinha uma rixa com um sujeito aí e decidimos resolver na sinuca. Quem perdesse, pagava com a vida. Ia ser decisão na melhor de três, e na ‘nega’ o fulano perdeu e disse que era melhor de cinco. Ai eu perdi e o quebra pau começou, tomei 12 facadas, mas graças a Deus sobrevivi.”

Os vizinhos do bar reclamam do barulho, da violência e da inércia da Polícia. A faxineira Jussara diz que a PM sempre aparece no final da noite, quando a confusão já acabou. “Eles sempre aparecem aqui depois do ocorrido, nunca no meio ou antes. Inclusive eu fiquei sabendo que os policiais fazem um bolão com prêmio pra quem acerta o número de mortes da noite.”.

Apesar das noites de sangue, Seu Viola diz que não pretende fechar o bar. “A violência é que atrai o meu público. Sem ela eu não seria nada.” Questionado sobre o motivo dos clientes sempre retornarem ao bar apesar dos pesares, Seu Viola ironiza “Eles voltam porque eu faço o melhor rollmops da região.”

Procurada por nossa equipe, a polícia preferiu não emitir nenhuma opinião oficial, apenas que irão averiguar o alvará do estabelecimento.

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