Obama pede diálogo com Irã e aliança antinuclear com Rússia

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou esperar por "aberturas" para o diálogo entre Washington e Teerã já nos próximos meses, "quando poderemos começar a sentar em uma mesa e conversar cara a cara". Em seu primeiro encontro com jornalistas, nesta segunda, Obama abordou ainda economia e falou sobre terrorismo no Paquistão.

"Acho que há uma chance, pelo menos, de um relacionamento de respeito mútuo e progresso", afirmou Obama. "Está na hora do Irã enviar alguns sinais de que quer agir de maneira diferente".

O presidente americano disse ainda que seu governo está revendo o histórico das relações entre Washington e Teerã, em busca de uma nova abordagem que contorne as preocupações sobre o programa nuclear iraniano e seu apoio a grupos terroristas como o Hamas e o Hezbollah, além da postura belicista em relação a Israel.

"Minha expectativa, nos próximos meses, é de que esperaremos por aberturas que possam ser criadas, quando poderemos começar a sentar em uma mesa e conversar cara a cara com propostas diplomáticas, que permitirão encaminhar nossas políticas em uma nova direção", estimou.

Aliança antinuclear com a Rússia
Na questão nuclear, Obama disse ainda que os Estados Unidos e a Rússia devem liderar os esforços para impedir a proliferação de armas nucleares no mundo, retomando negociações para reduzir seus próprios arsenais atômicos.

"Um de meus objetivos é interromper a proliferação nuclear", afirmou Obama, acrescentando ser muito importante que os EUA e a Rússia "liderem o caminho neste assunto".

Obama, que na terça-feira completa três semanas no poder, declarou ter dito ao presidente russo, Dmitri Medvedev, que "é importante que reiniciemos as negociações sobre de que maneira podemos começar a reduzir nossos arsenais atômicos".

A partir disso, indicou, "teríamos a base para ir a outros países e começar a costurar juntos os tratados de não-proliferação que, francamente, foram enfraquecidos ao longo dos últimos anos".

Terrorismo no Paquistão
Ao abordar o combate ao terrorismo no mundo, Obama afirmou que "não há dúvida" de que os terroristas contam com refúgios no Paquistão, especialmente ao longo da fronteira com o Afeganistão.

O presidente americano disse que seu enviado especial para a região, Richard Holbrooke, informará às autoridades em Islamabad sobre isso. Segundo Obama, as operações dos grupos terroristas nessa região, também conhecida em inglês como Fata (Áreas Tribais sob Administração Federal), põem em perigo o Paquistão tanto como os EUA.

"Não é aceitável" para o Paquistão nem para os EUA que nessas áreas as pessoas atuem "com impunidade" para perpetrar atentados, assegurou. Nesse sentido, Obama disse que o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, "se preocupa profundamente com o que fazer parar controlar essa situação".

"Devemos assegurar que o Paquistão é um aliado inabalável" na luta contra o terrorismo, enfatizou Obama. O presidente americano insistiu que não permitirá que a rede terrorista Al-Qaeda e Osama bin Laden, "operem com impunidade" a partir de refúgios na fronteira com o Paquistão.

Obama, que durante a campanha eleitoral defendeu reforçar as tropas no Afeganistão, reconheceu que a situação no país asiático "vai ser difícil" e que os EUA terão que "agir de maneira inteligente e efetiva".

Investigação de torturadores
Obama disse ainda que seu governo investigará casos "claros" de tortura de detidos. "Ninguém está acima da lei e se há casos claros de irregularidades, essas pessoas devem ser investigadas, como qualquer outra". Ele reiterou que seu governo de não usar esse tipo de método.

Obama afirmou que analisará a proposta do presidente da Comissão Judicial do Senado, Patrick Leahy, de criar uma comissão da verdade para investigar o comportamento do Governo George W. Bush nesse aspecto.

Apesar disso, o presidente lembrou que está mais interessado "em olhar para frente, que para trás". Uma alta funcionária do Pentágono reconheceu que um detido de Guantánamo foi submetido à tortura, algo proibido pelo direito americano e internacional.

Fora isso, a inteligência americana (CIA) admitiu ter realizado asfixias simuladas em três detidos. O Governo Obama já disse que essa técnica, na qual a pessoa acredita estar prestes a morrer afogada, é tortura.

Crise econômica
Sobre a crise econômica mundial, o presidente dos Estados Unidos disse que a culpa é dos bancos, por terem assumido riscos "exorbitantes" com a compra de títulos de qualidade questionável. "O que nos levou a essa confusão foram os riscos exorbitantes assumidos pelos bancos em títulos duvidosos com o dinheiro de outros", afirmou.

Obama disse ainda que só o governo pode romper o "círculo vicioso" das demissões e da queda do consumo no qual o país está imerso, em uma crise cuja causa, segundo ele, são os riscos "exorbitantes" que os bancos assumiram. Obama não economizou palavras dramáticas para descrever a situação da maior economia do mundo.

Com agências internacionais

Redação Terra

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