Os Fazendeiros e o Lula



E os novos índices de produtividade no campo? E o regime de escravidão nas fazendas?




Leio nos jornais que os ruralistas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que em dezembro contabilizou menos 134 mil empregos no campo, deverão ser recebidos pelo presidente Lula, em 10 de fevereiro.




Aproveitam a crise mundial e o crescente desemprego no setor rural para fazer moeda de troca com as suas mais sentidas (e eternas) demandas, a saber:




1) leilões emergenciais de alimentos para evitar queda dos preços;


2) desoneração da cadeia agrícola;


3) o alongamento das dívidas do campo com os bancos oficiais.




Essa gente não se emenda mesmo. Desde o tempo de Getúlio Vargas eles querem tratamento privilegiado de qualquer governo, onde o calote aos bancos oficiais é sempre item cativo.




Que tal o presidente Lula informá-los de que o regime no Brasil é e sempre foi o capitalista de mercado, que este regime implica em permanente risco negocial e a quebra de contratos juridicamente perfeitos (com bancos oficiais) não pode ser tolerada?




Que tal o presidente Lula negar as reivindicações dos ruralistas? Ao mesmo tempo, fazer com que eles paguem as faturas de duas urgentíssimas dívidas sociais engavetadas em Brasília, a saber:




1) revisão imediata da lei que regula e atualiza os índices de produtividade na atividade agropastorial brasileira, defasados há quarenta anos;




2) aprovação e aplicação imediata da nova lei que expropria proprietários rurais que empregam trabalhadores em regime similar à escravidão.


No limite, é possível que o lulismo de resultados conceda alguma sorte de vantagens aos ruralistas, mas em contrapartida deve negociar duro para que eles, e sua ativa bancada parlamentar no Congresso, ajudem a aprovar as duas demandas sociais acima.


Redator: Cristóvão Feil


Cristóvão Feil
Porto Alegre, RS, Brazil
Sociólogo

http://diariogauche.blogspot.com

Comentários