Luiz Carlos Prestes, presente!



Olá,
Uma figura que prende a leitura ou buscar conhecimento é o Prestes, assisti o documentário "o Velho" no qual recomendo, e em outros docuentários vi a luta deste homem;

aqui repasso um texto que recebi do prof. Zeca Grisa.








Luiz Carlos Prestes, presente!

(Porto Alegre, 3 de janeiro de 1898 — Rio de Janeiro, 7 de março de 1990)
Lembramos nesta data, três de janeiro, o nascimento de Luiz Carlos Prestes. Foi a principal liderança revolucionária e comunista do Brasil e secretário-geral do Partido Comunista do Brasil (PCB) de 1943 a 1979.

Como o Cavaleiro da Esperança foi lembrado após a longa marcha da “Coluna Prestes” (1924 a 1927), liderando os rebeldes tenentes - o “movimento tenentista”. A Coluna percorreu o país, teve vários enfrentamentos com o exército e permaneceu invicta. Prestes tomou contato com o marxismo a partir do exílio na Bolívia, em 1927, e assumiu a sua condição de comunista no “Manifesto de maio de 1930”.

A partir de então, se engaja na luta para emancipar os trabalhadores e o povo brasileiro da exploração de classe e construir a sociedade socialista rumo ao comunismo. A essa luta vai dedicar sua intensa trajetória de vida.

Impossível registrar em poucas palavras, mesmo pontuar, os acontecimentos da conjuntura nacional que contaram com a atuação política marcante de Prestes como dirigente do PCB e como comunista.
Resgatamos aqui algumas palavras do discurso proferido pelo presidente do CeCAC, Marco Antonio, em abril de 2008, por ocasião da homenagem 100 anos de Olga Benario Prestes e 110 anos de Luiz Carlos Prestes: "Com a revolução, rumo ao socialismo":

Queremos hoje homenagear Olga Benario Prestes, quadro político da Internacional Comunista, e Luiz Carlos Prestes, dirigente máximo do Partido Comunista Brasileiro durante décadas, que foram duas destacadas expressões da luta revolucionária no Brasil e no mundo. Os dois foram exemplos de dedicação, heroísmo e de compromisso com a libertação da classe operária e de todos os explorados e oprimidos. Esta luta foi e continua sendo, com seus erros e acertos, vitórias e derrotas, em minha opinião, o que houve e o que há de mais avançado da história na sociedade no intuito de abolir a exploração de uma classe sobre outra, luta pela construção de uma sociedade socialista, rumo à sociedade sem classes, o comunismo, o reino da liberdade, como dizia Marx.


Portanto, luta que se mantém atual, e assim, estamos com Olga e Prestes.

Nós, do Centro Cultural Antonio Carlos Carvalho, o CeCAC, inaugurado em 1995, após um longo período de balanço da experiência de militância, de uma prática anterior, procuramos retomar o marxismo, o marxismo-leninismo, a teoria revolucionária, com todo o seu significado teórico, ideológico, político e prático. E nesse sentido, gostaríamos de destacar alguns posicionamentos de Luiz Carlos Prestes, que para nós têm uma importância especial:

Prestes afirmava em 1987 no "Seminário Internacional 70 anos de experiência de construção do socialismo”, organizado pelo Instituto Cajamar:


“.... ao fundarem o partido [no Brasil], muito poucos conheciam o marxismo. Nem o Manifesto Comunista de Marx e Engels havia sido editado em português, o que só ocorreu em 1924, dois anos depois da fundação do partido. Mais tarde, já em 1962, o camarada Astrogildo Pereira, fazendo uma autocrítica, reconhecia que a teoria revolucionária significava para nós, membros do partido, aplicar mecanicamente, livrescamente, a linha política e a experiência revolucionária de outros povos. E era isso mesmo o que se dava. Caíamos no pior dogmatismo, o dogmatismo da cópia, o dogmatismo dos modelos, quando o marxismo é um método de ação que não admite cópia nem o modelo. Cada povo faz a sua revolução. E as condições concretas de cada país cada vez se diferenciam umas das outras. A cópia é a negação do marxismo.”


Como diria Lênin, “a análise concreta da situação concreta”.

E isso levava a uma análise equivocada da formação social brasileira.

Como Prestes afirmou:

“...não se via que, nas condições do Brasil, a dominação imperialista não só não representava um entrave ao capitalismo, como propiciava o seu desenvolvimento dependente e associado, utilizando estruturas anteriores, de tipo pré-capitalista. Enfim, não se fazia a análise das características do capitalismo dependente e associado do imperialismo. ... O capitalismo possível no Brasil é justamente o dependente, o que se desenvolveu, o concreto, aquele que existe de fato no país..”

Esta análise de Prestes guarda uma proximidade com a avaliação que temos realizado em documentos e textos do CeCAC.

E homenageamos Olga, que foi destacada pela Internacional Comunista para acompanhar, garantir a segurança de Prestes em sua volta clandestina ao Brasil, em 1935, para participar e liderar a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Prestes era a maior liderança brasileira do ponto de vista de mudança, consagrado como Cavaleiro da Esperança, após a Coluna Prestes e que, por sua opção política comunista, membro do PCB, poderia ser preso assim que voltasse ao país.


Olga era um quadro político experiente, preparado (inclusive militarmente, apesar de que não foi essa a qualidade que definiu sua escolha).


Sobre ela, também vale resgatar as palavras de Prestes que assim a definia, em uma de suas entrevistas, em 1986:

"Olga era uma mulher que havia estudado bem o marxismo, de forma que ela tinha a força da convicção científica – e eu costumo dizer aos operários que a convicção científica é muito mais forte do que qualquer fé religiosa.

Ligou-se à Juventude Comunista da Alemanha. Trabalhava como jovem comunista no Partido Comunista da Alemanha. Isso não queria dizer que ela fosse uma sectária, uma dogmática. Pelo contrário, era uma pessoa muito cordial, muito alegre. Amava muito a vida. E como companheira – que foi minha companheira – era uma pessoa muito terna, muito amiga e uma auxiliar eficiente porque conhecia bem o marxismo, de maneira que podia realmente me ajudar..."

Reafirmamos, hoje também, a importância do resgate desta história revolucionária de Prestes e Olga no sentido de servir de estímulo à luta em que eles tanto se empenharam e dedicaram suas vidas, contra a barbárie imperialista, a guerra, a miséria, a fome, o fascismo, reafirmando o lema daquela homenagem: Com a Revolução, rumo ao socialismo!

Proletários de todos os países uni-vos!

Luiz Carlos Prestes, presente!


* * *
Dito no Pacaembu (Brasil, 1945)
[Poema lido por Pablo Neruda no Comício do PCB em julho de 1945 no estádio do Pacaembu]




Quantas coisas quisera hoje dizer, brasileiros,
quantas histórias, lutas, desenganos, vitórias,
que levei anos e anos no coração para dizer-vos,
pensamentos
e saudações. Saudações das neves andinas,
saudações do Oceano Pacífico, palavras que me disseram
ao passar os operários, os mineiros, os pedreiros, todos
os povoadores de minha pátria longínqua.
Que me disse a neve, a nuvem, a bandeira?
Que segredo me disse o marinheiro?
Que me disse a menina pequenina dando-me espigas?
Uma mensagem tinham. Era: Cumprimenta Prestes.
Procura-o, me diziam, na selva ou no rio.
Aparta suas prisões, procura sua cela, chama.
E se não te deixam falar-lhe, olha-o até cansar-te
e nos conta amanhã o que viste.

Hoje estou orgulhoso de vê-lo rodeado
por um mar de corações vitoriosos.
Vou dizer ao Chile: Eu o saudei na viração
das bandeiras livres de seu povo.

Me lembro em Paris, há alguns anos, uma noite
falei à multidão, fui pedir auxílio
para a Espanha Republicana, para o povo em sua luta.
A Espanha estava cheia de ruínas e de glória.
Os franceses ouviam o meu apelo em silêncio.
Pedi-lhes ajuda em nome de tudo o que existe
e lhes disse: Os novos heróis, os que na Espanha lutam,
morrem, Modesto, Líster, Pasionaria, Lorca,
são filhos dos heróis da América, são irmãos
de Bolívar, de O' Higgins, de San Martín, de Prestes.
E quando disse o nome de Prestes foi como um rumor
imenso.
no ar da França: Paris o saudava.
Velhos operários de olhos úmidos
olhavam para o futuro do Brasil e para a Espanha.
Vou contar-vos outra pequena história.

Junto às grandes minas de carvão, que avançam sob o
mar,
no Chile, no frio porto de Talcahuano,
chegou uma vez, faz tempos, um cargueiro soviético.
Quando a noite chegou vieram aos milhares os mineiros, das grandes minas,
homens, mulheres, meninos, e das colinas,
com suas pequenas lâmpadas mineiras,
a noite toda fizeram sinais, acendendo e apagando,
para o navio que vinha dos portos soviéticos.

Aquela noite escura teve estrelas:
as estrelas humanas, as lâmpadas do povo.
Também hoje, de todos os rincões
da nossa América, do México livre, do Peru sedento,
de Cuba, da Argentina populosa,
do Uruguai, refúgio de irmãos asilados,
o povo te saúda, Prestes, com suas pequenas lâmpadas
em que brilham as altas esperanças do homem.
Por isso me mandaram, pelo vento da América,
para que te olhasse e logo lhes contasse
como eras, que dizia o seu capitão calado
por tantos anos duros de solidão e sombra.

Vou dizer-lhe que não guardas ódio.
Que só desejas que a tua pátria viva.
E que a liberdade cresça no fundodo Brasil como árvore eterna.

Eu quisera contar-te, Brasil, muitas coisas caladas,
carregadas por estes anos entre a pele e a alma,
sangue, dores, triunfos, o que devem se dizer
o poeta e o povo: fica para outra vez, um dia.


Peço hoje um grande silêncio de vulcões e rios.
Um grande silêncio peço de terras e varões.
Peço silêncio à América da neve ao pampa.
Silêncio: com a palavra o Capitão do Povo.
Silêncio: que o Brasil falará por sua boca.


PABLO NERUDA. "Canto Geral". Tradução de Paulo Mendes Campos. 6ª edição - São Paulo: DIFEL, 1984
* * *


Comentários